Eles vivem presos há anos. De modo que quando
perceberam o cadeado aberto, sentiram que enfim seriam afagados pelo sopro da
liberdade.
John e Lili desceram a rua a todo o
vapor, sem olhar para trás. Com uma espécie de sorriso maravilhado, trotavam
como cavalos de corrida.
Já Ritinha saiu dizendo: “Venha, oh,
liberdade, eu não tenho medo”, mas logo aniquilou-se. Todos aqueles carros,
pessoas, bocas, barulhos, vida acontecendo, lhe lançou um medo paralisador.
Ficou, vejam só vocês, na rua encolhida como um recém-nascido.
Desfrutado os medos e diversões – os
dois primeiros foram pegos na padaria, prestes a comer um frango assado. Já
Ritinha foi resgatada há poucos metros de casa, ainda encolhida.
Até mesmo os cães, cada um tem o seu modo
particular de lidar com as situações que a vida coloca...
Angelina Miranda é jornalista e escritora sem livros.
Ri alto, é fã de fotografia, cachorro, botequins e maus modos.
Dá uns pitacos pelo Feici e faz uns versos no Poesias Angelinas.