terça-feira, 17 de fevereiro de 2015

Carnaval 2015: Foi-se o tempo que a mídia não recebia feedback

O cabelo que encolhe, o rímel que borra, foi 
a notícia que chocou a todos nesse carnaval. 
Se há algo louvável com as redes sociais é o escracho público. O rebote. A contrapartida. As outras opiniões da História.

Mídia, pessoas públicas, instituições fogem, mas tem de encarar os questionamentos.

O Tiago Leifert seria, sem dúvida, mais feliz se fosse apresentador décadas atrás, quando quem tinha TV era rico, e a Internet não passava de um plano longínquo. Naquela época, do que você não gostasse era problema seu.

Na transmissão desse carnaval, ele era só alegrias, roubando falas e atropelando os colegas, isto porque não leu o que diziam dele no Twitter. Nada pior do que o humor estrangulado, forçado. Não adiantou, geral percebeu.

A Skol, grande felizarda do carnaval, com cifras e cifras a amontoar-se nesta época, também foi limada pelos queridos internautas.

Publicitários, pra lá de criativos, fizeram a seguinte campanha carnavalesca: “Esqueci o “não” em casa”. Não tardou para que milhares de mulheres viessem a afirmar o óbvio: que não é não mesmo. Não interessa que é carnaval, não existe caridade, você é feio, desinteressante e não é não mesmo, amigo.

Em tempos idos, a escola Beija Flor de Nilópolis também passaria batido. SQN.

O brilho e glamour apresentados na avenida não ofuscaram o fato de a escola ter seu enredo patrocinado pela Guiné Equatorial. Não foi o povo africano que decidiu a singela doação, mas Teodoro Obiang Nguema Mbasogo; ditador que dá as cartas por lá.

Teodoro é tão cheio de amigos e afetos que mesmo tendo desembolsado 10 milhões para o desfile, não “quis” pisar na avenida, preferindo refestelar-se no camarote ao lado de seus seguranças.

O presidente da Câmara, Eduardo Cunha, também foi lembrado. Com suas posições um tanto retrógradas, ganhou um bloco animadíssimo no Facebook: “Rolê pra passar por cima do cadáver de Eduardo Cunha”. Bem querido.

Angélica, vou de táxi, podia ficar bem na fita. De boa, comendo um cachorro quente com o maridão na propaganda da Sadia. Mas aí descobre-se que a dita é vegetariana, preza pela alimentação saudável. E os militantes tendem mesmo a reclamar dos princípios feitos com papel crepom. É o famoso pagando bem que mal tem.

Portais de notícias também são avisados de suas pautas esdrúxulas.

Nos posts do UOL, feitos por redatores piadistas, sobre BBBs e famosos que CAMINHAM na praia, a resposta vem a galope: “Lixossss” “Quem é Amanda?” “Foda-se o paredão, e os que morrem sem auxílio nos hospitais?”.

Também não anda tendo muita credibilidade os jornais e revistas que querem fazer crer o PT inaugurador de corrupções e fraudes no Brasil.

E há quem diga que o Catraca Livre, a cada dia que passa, anda mais e mais semelhante ao Bem Estar.


Foi-se o tempo que os grandes não tinham feedback. A vida é mais sincera nas redes. 



Angelina Miranda é jornalista e escritora sem livros.
Ri alto, ama a natureza, é fã de fotografias, cachorros e botequins.
Dá uns pitacos pelo Feici e faz uns versos no Poesias Angelinas.