Até John Lennon e Yoko Ono entraram na dança.
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Embora a descrição advirta: “Página destinada a todos que
tenham orgulho e admiram essa raça. Não somos racistas, somos orgulhosos”, não
é bem isso que se vê ao longo das postagens...
Num post, sugere-se que a “soma perfeita da vida” é um
casal heterossexual. Mais adiante a foto de um negrinho sorridente: “Cotas sim!
Porque eu não quero estudar”.
No ápice de seu mundo paralelo, o administrador da página
cria sua própria lógica de diversidade. É simples, para mantê-la, se relacione
somente com os de sua raça/cor, isto é, pretos com pretos e brancos com
brancos. Cada um no seu quadrado.
Num momento descontraído e de recalque, pasmem, fiquei
sabendo que feijoada é uma comida de origem europeia. Já ver que o samba
também, deixo meu salve aos holandeses!
Em meio a tanta gente boa, aprendi, também, que se você
renega o título de raça, é um burraldo e não sabe a “diferença entre elas”.
Em tempos idos, Hitler nos mostrou em que estrada
esburacada dá a fé cega na ciência, utilizada para legitimar o genocídio na
segunda guerra mundial, mas essa parte da história não interessa, vamos pular.
O conceito de raça pura é tão absurdo quanto um trator de
asas.
Entretanto, já ouço os gritos: “E por que os pretos têm
orgulho negro?”. Oras, deve haver brancos que sofrem descriminação do tipo,
você é claro, você é rico. Isso é bom? Definitivamente, não. Mas vejamos, os
históricos de execuções pela polícia, de segregação da educação, de recusa dos
direitos ao longo da história, com certeza não deve apontar para você, pessoa
de bem e de boa aparência.
Se você é clarinho no Brasil, bingo, um problema a menos.
Fernanda Lima e Rodrigo Hilbert que o digam.
Sendo assim, como não resgatar dos sertões e favelas, a
identidade, a cultura que submerge dos lugares mais inóspitos e impensáveis?
Isto me faz lembrar do que ouvi certo dia: “Há
preconceito contra o homem negro, há preconceito contra o nordestino, há preconceito
contra o analfabeto, mas não há preconceito se um dos três for rico”.
Orgulho de ser branco não é descriminação, viu, mas por
que diabos vocês insistem em sair das portarias e cozinhas, hein?
Fiz uma seleção de posts, vejam só:
Esses negros preguiçosos...
Viu, imperfeito?
Impossível redigir legenda...
Angelina Miranda é jornalista e escritora sem livros.
Ri alto, é fã de fotografia, cachorro, botecos e maus modos.
Dá uns pitacos pelo Feici e faz uns versos no Poesias Angelinas
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