quinta-feira, 9 de janeiro de 2014

O que pensa alguém com “orgulho branco”?

Até John Lennon e Yoko Ono entraram na dança. 
Foi o que me perguntei ao me deparar com a página no Facebook, “Orgulho de Ser Branco”. Não satisfeita com a dúvida, fui olhar mais de perto como pensam, e devem agir, os quase 6 mil curtidores da “causa”.

Embora a descrição advirta: “Página destinada a todos que tenham orgulho e admiram essa raça. Não somos racistas, somos orgulhosos”, não é bem isso que se vê ao longo das postagens...

Num post, sugere-se que a “soma perfeita da vida” é um casal heterossexual. Mais adiante a foto de um negrinho sorridente: “Cotas sim! Porque eu não quero estudar”.

No ápice de seu mundo paralelo, o administrador da página cria sua própria lógica de diversidade. É simples, para mantê-la, se relacione somente com os de sua raça/cor, isto é, pretos com pretos e brancos com brancos. Cada um no seu quadrado.

Num momento descontraído e de recalque, pasmem, fiquei sabendo que feijoada é uma comida de origem europeia. Já ver que o samba também, deixo meu salve aos holandeses!

Em meio a tanta gente boa, aprendi, também, que se você renega o título de raça, é um burraldo e não sabe a “diferença entre elas”.

Em tempos idos, Hitler nos mostrou em que estrada esburacada dá a fé cega na ciência, utilizada para legitimar o genocídio na segunda guerra mundial, mas essa parte da história não interessa, vamos pular.  

O conceito de raça pura é tão absurdo quanto um trator de asas.

Entretanto, já ouço os gritos: “E por que os pretos têm orgulho negro?”. Oras, deve haver brancos que sofrem descriminação do tipo, você é claro, você é rico. Isso é bom? Definitivamente, não. Mas vejamos, os históricos de execuções pela polícia, de segregação da educação, de recusa dos direitos ao longo da história, com certeza não deve apontar para você, pessoa de bem e de boa aparência.

Se você é clarinho no Brasil, bingo, um problema a menos. Fernanda Lima e Rodrigo Hilbert que o digam.

Sendo assim, como não resgatar dos sertões e favelas, a identidade, a cultura que submerge dos lugares mais inóspitos e impensáveis? 

Isto me faz lembrar do que ouvi certo dia: “Há preconceito contra o homem negro, há preconceito contra o nordestino, há preconceito contra o analfabeto, mas não há preconceito se um dos três for rico”.

Orgulho de ser branco não é descriminação, viu, mas por que diabos vocês insistem em sair das portarias e cozinhas, hein? 


Fiz uma seleção de posts, vejam só: 


Esses negros preguiçosos... 




Viu, imperfeito?



Impossível redigir legenda...




Angelina Miranda é jornalista e escritora sem livros.
Ri alto, é fã de fotografia, cachorro, botecos e maus modos.
Dá uns pitacos pelo Feici e faz uns versos no Poesias Angelinas

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