Desde 1963 ele está lá. Nascido das mãos e cabeça do
escultor Julio Guerra, Borba Gato é lembrado como “o célebre, competente, um
dos grandes bandeirantes paulistas”.
Quem passa na Avenida Santo Amaro, em sampa, já o viu.
Recheado de trilhos de trem e com casca de ladrilhos, o fizeram alto e
imponente, com os olhos perdidos no nada. Sempre acompanhado de seu trabuco,
agora, em descanso.
Há poucos dias, rumo ao dentista, perto de mim uma
menininha, olhando para o alto, perguntou a mulher:
– Quem é ele, mãe?
– O Borba Gato.
– Porque tá com uma arma na mão, mãe?
– Não sei. Vamo logo menina ou vamo se atrasá!
Treze metros de altura e 20 toneladas de corpanzil, em
nós, adultos, causa admiração, para uma criança, o sentimento é de espanto.
Isto deve nos dizer alguma coisa.
Mas tem gente que guarda apreço pelo Borba. Não à toa, há
uns poucos anos atrás, foi criada a campanha “Vote Borba”.
O projeto? Nada de Cristo Redentor, mas o bandeirante
como uma das 7 maravilhas do mundo moderno. Graças a eterna rixa: paulistanos x
cariocas, a campanha obteve apoiadores, e até comunidades prós no falecido,
Orkut, mas não o suficiente para ganhar a votação.
Veja as magnificas justificativas do idealizador e
publicitário, Bá Assumpção, (a profissão diz bastante), para viabilizar a ação:
– O Borba Gato é um herói da nossa nacionalidade. Não
fosse por ele ainda estaríamos no Tratado de Tordesilhas. Voltou de Minas cheio
de ouro, comprou a Câmara de Vereadores de São Paulo, ficou dono dos defuntos,
dos cemitérios, nomeava (sic) gente durante anos...
Incrédulo, pergunta o jovem repórter:
– Mas ele matou um monte de gente, né!?
– O Brasil perdoa quem tem dinheiro. - (Assista à matéria
sobre, aqui)
Mas nem tudo são empregos para parentes e amigos, nem
defuntos privados. Em tempos de tablets, Smartphones a tempo e a hora, não é
necessário ir muito longe para saber dos quilombos e famílias destruídas, dos
índios e escravos assassinados, claro, em nome de um "Brasil mais
próspero".
No fervor dos protestos no Brasil, em julho, um grupo de jovens renomeou a ponte Estaida, de Otávio Frias de Oliveira, magnata da Folha
de S. Paulo e apoiador do regime militar de 1964, para ‘Vladimir Herzog’,
jornalista assassinado pelos órgãos de repressão do mesmo regime, em 1975.
Não perdoo gente com dinheiro em troca de dinheiro. Nem
admiro estátuas de assassinos do povo e da nossa história.
Angelina Miranda é jornalista e escritora sem livros.
Ri alto, é fã de fotografia, cachorro, botecos e maus modos.
Dá uns pitacos pelo Feici e faz uns versos no Poesias Angelinas.
estátua de genocida tem mais é que ser dinamitada!
ResponderExcluirIsso é bobagem. Borba Gato e outros bandeirantes fazem parte da história, assim como Zumbi. Este sim deveria ter mais estátuas espalhadas por aí - e mais explicações deveriam ser transmitidas ao povo sobre o que representaram esses personagens, cada um suas circunstâncias. É preciso que imagens e relatos históricos sejam apresentados sobretudo a nossas crianças, sistematicamente submetidas a um processo de alienação pelos programas infantis, alguns verdadeiros roteiros de fazer doido. A História não dá marcha-a-ré, tentar reescrevê-la em função de nossas predileções é um empreendimento equivocado: se houve um índio Cunhambebe ou um negro Zumbi, foi porque tiveram de lutar contra gente como Borba Gato.
ResponderExcluirTem gente que acha que demolindo prédios e estátuas se limpa o passado. Pura ignorância. É uma boa oportunidade para conversar com as crianças explicando as coisas, passando valores. Os campos de concentração foram preservados não para exaltar o terror, mas para refletir sobre valores e ideais. Construir uma estátua a Zumbi, aos herois do povo, é válido, mas destruir a história não. Rui Barbosa, como essa gente, queimou todos os registros sobre escravidão no intuito de melhorar a história do país. Fez escola, deixou seguidores.
ResponderExcluirO socialismo proposto por Marx matou milhões nas revoluções socialistas e até hoje violenta e tortura cidadãos em países socialistas como Coréia do Norte e Cuba, é até hoje é idolatrado por muita gente.
ResponderExcluirMesmo com toda a minha indignação e um arsenal de picaretas, não conseguiria derrubar o Borba Gato. É simbólico, gente, a questão é repensar de forma crítica que monumentos erguemos, para que e para quem são essas homenagens pela cidade, como estátuas, ruas, viadutos etc.
ResponderExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirZumbi era um déspota em Palmares. Governava como um ditador, com mão de ferro, não promovia eleições nem separação dos 3 poderes. Não existia imprensa livre em Palmares. Isso, é claro, se você quiser colocar valores de hoje em dia para explicar um fenômeno histórico do passado. O que é uma colossal babaquice. Mas, se você quiser se ater aos fatos que à época mesma eram discutidos, então teremos de lembrar que o próprio Zumbi, que fugiu da escravidão, possuía escravos no seu Quilombo.
ResponderExcluirEm um primeiro momento, bandeirantes e índios lutaram de igual para igual. Os índio, menos armados (bandeirantes possuíam armas de fogo, mas muito primitivas vale lembrar - bacamartes do séc XVI) mas com um conhecimento muito maior do território, em maior número e inseridos em uma sociedade guerreira (portanto, acostumada com conflito armado e tendo como valor a luta), estiveram mutias vezes em vantagem.
A história não é feita de mocinhos e bandidos bidimensionais, tipo novela (ruim) de TV. Se assim o fosse, não sobrariam estátuas de ninguém.
Bandeirantes foram cruéis e escravizaram índios. Um deles, inclusive, foi responsável pela última incursão vitoriosa que acabou com Palmares (Jorge Velho). Mas também são responsáveis pela extensão territorial brasileira, no que concerne ao interior (seriamos um país apenas costeiro, não fossem tais incursões). Sua bandeiras, no que diz respeito às trajetórias, ao espaço territorial percorrido, são epopeias heroicas.
Que construam 1000 estátuas de Zumbi, mas que não destruam a do Borba Gato, sob o risco de usarmos dois pesos e duas medidas e sermos profundamente equivocados historicamente.
Toda nação precisa de seus heróis-fundadores. Heróis que também são bandidos, porque são complexos. Zumbi é um deles, Borba Gato é outro.
Demolir o infeliz a essa altura do campeonato vai ajudar a cidade de alguma maneira? Essa história de "demolir o Borba Gato" já deu no saco, na boa. Mais pro sul, atrás dele, existem outras coisas que deveriam ser demolidas...como igrejas-fábrica de dinheiro, bairros sem estrutura nenhuma, mini-cracolândias, trânsito além do caótico...essas coisinhas que pra você, autora do texto, são menores em relação à uma estátua, até porque aposto que você nunca foi "da ponte pra lá". Parabéns pela sua consciência social construtiva (só que não).
ResponderExcluirTá, a Dilma sequestrou e matou tbm... e daí??? Quem sabe a gente lobotomiza ela!!!
ResponderExcluirah, vá se foder anonimo caga-regra, nem conhece a menina, nao se identifica e atira pra todo lado. vaza. ou pelo menos poe o nominho aí...
ResponderExcluir"Gabriel Silva", você é uma pândega! Super acredito que esse é seu nome de verdade! Vem cá, o blog é seu?
ResponderExcluirSai da FFLCH e da internet e vá viver a realidade, meu filho! E pode me xingar o quanto quiser, continuo achando esse texto totalmente equivocado. E que você é um imbecil.
Pois é, anônimo...Não dá pra resolver o Brasil num texto, eu até qgostaria, mas não dá.
ResponderExcluirOutra, não só já fui da ponte pra lá, como moro no Capão Redondo. É bom falar do que a gente sabe.
Abraços,