segunda-feira, 15 de julho de 2013

Com prédios e shoppings, quem precisa de memória


O terreno, localizado na Av. Elis Maas, fica próximo 
ao metrô do bairro. (foto: QP)
Daqui a algum tempo, fotos como essa serão apenas uma lembrança, uma casa a ser visitada apenas no papel ou na tela do computador.
Este terreno da foto, está localizado no bairro de Capão Redondo, possui, pelo menos, quatro casas, que foi o que deu para ver do lado de fora do portão.

O terreno é grande e repleto de árvores e plantas, o que destoa o visual da via, composta por uma linha do metrô, poucas casas, comércios e casinhas que viraram pequenos comércios. As casas do terreno são antigas e ainda conseguem guardar um quê de bucolismo, possuem umas janelinhas, daquelas que as pessoas apoiam os cotovelos só para olhar a vida.

Mas há uns três meses, ou mais, vi que colocaram uma placa no terreno com os seguintes dizeres: “Em breve centro comercial”.

Esse tipo de placa não é exclusividade deste bairro. Com frequência vemos casas e prédios antigos virarem meros esqueletos de concreto e ferros retorcidos, para depois dar lugar a algum empreendimento.
Vale lembrar que casas são o de “menos”. Há pouco tempo vimos o governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, animadíssimo em destruir o Museu do Índio, ao lado do Maracanã, para construção de um estacionamento. Graças aos protestos, o museu ainda está de pé.

Acontece que, afagadas pelo governo, empresas que visam o “progresso e desenvolvimento” têm cometido inúmeros abusos, com a justificativa de nos "presentear" cada vez mais com lojas, restaurantes, hotéis.


Mas, não sei... Estou achando esses presentes de grego. É bonita e necessária a vida que acontece nas praças, bibliotecas, centros culturais, nas casas antigas... Parece bom que a história de nossos bairros, cidades, que a nossa história, seja contada por ela mesma, por ser o que se é, ou seja, existindo.

Andando pelo centro esses dias me pus a pensar, que não me espantaria se visse em algum jornal que demoliram o Theatro Municipal, em São Paulo, para construção de um shopping para cachorros...


Angelina Miranda é jornalista e escritora sem livros.
Ri alto, é fã de jabuticaba, cachorro, botecos e maus modos.
Dá uns pitacos pelo Feici e faz uns versos no Poesias Angelinas

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